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Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, conta com uma das últimas unidades de mata atlântica original, nem reflorestada nem desmatada, da costa brasileira. Ela faz parte de uma Unidade de Preservação Ambiental de 10.564 mil hectares, criada por decreto estadual em maio de 2002. Para isso foi fundamental a atuação do Instituto Ecológico Búzios Mata Atlântica (IEBMA), fundado em 1996, pelo Hugo Iurcovich e o Dr. Janis Roze, que com a participação da professora Amanda Bernal, da Universidade da Cidade de Nova York, e a instituição de estudos científicos e ambientais Earthwatch Institute, com sede em Boston, e participantes de diversas partes do mundo, descobriram e catalogaram, em um esforço de 15 anos, 574 mudas e árvores jovens e maduras de Pau Brasil.

A Mata Atlântica, devido à expansão da agricultura e do desenvolvimento urbano, teve cerca de 93% de cobertura destruída. Em Búzios, nas mediações que correspondem da Praia de José Gonçalves, passando pela Praia das Caravelas, até o início da Praia do Peró, nos limites com Cabo Frio, além do pau brasil, a mata preservada também apresenta plantas raras como a orquídea de baunilha, que crescem nos troncos de pau brasil, além de 30 espécies de bromélias que retém água e servem de fonte de água para os animais em tempo de seca, em especial o mico leão dourado e o bicho preguiça.

Desde então o IEBMA auxilia as autoridades ambientais responsáveis tanto pela APA do Pau Brasil quanto pelo, posteriormente criado, Parque Estadual da Costa do Sol (PCsol), em unidade com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), realizando voluntariamente a fiscalização e monitoramento de atividades dentro da floresta. Além disso, também desenvolvem ações coordenadas, como resgate de animais silvestres, combate a incêndios e replantio de mudas no entorno da floresta, atividades de educação ambiental para crianças, jovens e adultos, em colaboração com a Associação Civil Village Praia das Caravelas (ACVPC), com apoio do Hotel Apa Pau Brasil.

Foram marcantes a coordenação de resgates de animais em 2011, durante as catástrofes ambientais em Nova Friburgo, na Região Serrana; ações de resgate e reintrodução de animais ao ambiente original em 2012 na Região dos Lagos; e o combate a focos de incêndio no ano de 2016 nas áreas de mata do município de Búzios. O IEBMA sempre contou com inúmeros e valiosos voluntários ao longo de 25 anos.

A partir de uma estrutura inicial já existente, desde a década de 1980, o IEBMA, em parceria com a ACVPC e o Hotel APA Pau Brasil, mantém uma das poucas Estações de Tratamento de Esgoto e Reuso (ETERS) com reutilização de água tratada do interior fluminense e a primeira da região, garantindo que a Praia das Caravelas seja totalmente livre de efluentes sanitários de qualquer natureza, e também a manutenção a revitalização de duas lagoas que haviam secado devido às variações climáticas. O IEBMA ainda fomenta o objetivo de tornar o vilarejo encravado dentro da mata no primeiro bairro ecológico de Búzios, também realizando o recolhimento de lixo orgânico para compostagem e outras atividades.

Com o apoio do Hotel APA Pau Brasil, mantemos um espaço para palestras e atividades ambientais e socioculturais abertas à comunidade, no auditório, onde já foram realizadas diversas reuniões, fóruns e debates de importância para o município e região, nas proximidades da Praia das Caravelas. Entre os fatos marcantes, sediou algumas das reuniões para a emancipação político administrativa de Búzios, que expressava um desejo popular.

O IEBMA também, desde a década de 1990, realiza produção audiovisual com o objetivo de alertar para os riscos à biodiversidade da Mata Atlântica, divulgar os trabalhos de preservação e ainda ampliar a consciência humana sobre a interligação entre o ser humano e a natureza. Alguns desses documentários foram vinculados mundialmente em diversos canais de televisão e hoje estão disponíveis gratuitamente a todos por meio deste espaço na internet.